terça-feira, 27 de julho de 2010

Nightmare .

De novo isso . De novo esse pesadelo horrendo, esses olhos vermelhos me fitando, o cabelo liso esvoaçando quando o vento gélido bate em seu rosto pálido, suas roupas pretas reluzindo à luz do luar . Ela me encarava com aquele sorriso maldoso, como uma cobra que prepara-se para dar o bote e acabar com a vida de sua presa . A cada passo que ela dava em minha direção, mais eu recuava em direção ao penhasco . Olhei para trás e vi que estava a pouco mais de um metro de distância do enorme buraco .
- O que tem a me dizer, como sua última palavra ? - seus olhos faiscavam de alegria em me ver ali, próxima de meu último minuto de vida .
- O que quer de mim ? - minha voz saiu falhada, tão fraca como um sussurro inaudível . Mas não para ela .
Ela deu sua gargalhada esganiçada, e sua boca totalmente aberta revelava seus caninos afiados, enquanto seus olhos cor de sangue mostravam um período de difíceis caçadas . Por um instante, senti-me completamente boba por ter feito aquela pergunta; eu sabia exatamente o que ela queria de mim, e sabia que lutaria até o fim para ter aquilo que tanto desejava .
- Como se você não soubesse, não é mesmo ? - mais um passo dela, mais um passo meu - Chegou a sua hora de pagar por tudo que me fez .
- Você sabe que não foi culpa minha, você sabe disso .
Uma lágrima derramou de meus olhos, queimando minha face gelada . Chorar era a única coisa que eu não queria fazer na presença dela . Ela não precisava saber que eu tinha medo de morrer, isso só traria mais vontade de me fazer seu brinquedo .
- Não tente mentir para mim . Fez aquilo uma vez, faria de novo quantas vezes precisasse .
Agora ela caminhava em minha direção, e eu sabia que mais um passo e eu cairia penhasco abaixo . Era morrer ou me matar .
Olhei para baixo . Era profundo, e acabava em um rio cheio de pedras . Olhei para ela, cada vez mais próxima, os olhos vermelhos brilhando em um misto de ódio e felicidade . Sem mais hesitações, dei meu último passo . Eu morreria, é claro . Mas pelo menos ela não seria a minha assassina, e não teria em sua boca o gosto da vitória .

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